O CHALÉ.

O CHALÉ.

DO LIVRO:

MEU SERTÃO SECO DE AJUDA.


NAQUELE QUARTO,
DE UM CHALÉ TÃO ATRAENTE
TUDO AGORA É DIFERENTE
DEPOIS QUE VOCÊ PARTIU.
O INTERFONE
DE REPENTE FICOU MUDO
E A TUA VOZ DE VELUDO
NUNCA MAIS NINGUÉM OUVIU.

AQUELE SOM,
CHORÃO QUE VOCÊ LEVOU
COITADINHO NÃO PAROU
NEM DE NOITE NEM DE DIA.
FORA DO QUARTO
TODO O ENCANTO DA LUA
OLHANDO A BELEZA TUA
ENTRE AS NUVENS SE ESCONDIA.

OS TRAVESSEIROS,
NÃO ESTÃO MAIS AMASSADOS
OS LENÇÓIS ESTÃO DOBRADOS
A CAMA NÃO É DESFEITA.
E A VARANDA
OUTROS PASSOS NÃO PERCEBE
NEM O CELULAR RECEBE
UMA CHAMADA SUSPEITA.

O FRIGOBAR,
NÃO TEM MEU WISK CERTO
JÁ NÃO ESCUTO ROBERTO
AGEPÊ NEM LEONARDO.
SÓ HÁ O VENTO,
QUE CANTA PELA VIDRAÇA
PRA DIZER QUE NÃO TEM GRAÇA
UM QUARTO DESOCUPADO.

JÁ NÃO SE ESCONDE,
POR BAIXO DO COBERTOR
LINDO GEMIDO DE AMOR
QUE ESCAPOU DO TEU PEITO.
UM OUTRO GEMIDO ESTÁ,
NESSE TEU PEITO ESCONDIDO
PRA DEPOIS SER REPETIDO
NAS LOUCURAS DE OUTRO LEITO.

QUATRO CORTINAS,
CHEIAS DE CUMPLICIDADE
DEIXARAM BEM A VONTADE
GRITINHOS ESCANDALOSOS.
QUATRO PAREDES,
COM SEUS OUVIDOS FECHADOS
HOJE GUARDAM BEM GUARDADOS
OS SEGREDOS MAIS GOSTOSOS.

NAQUELE QUARTO,
QUE ME DÁ TANTA SAUDADE
SÓ O FRIO DA CIDADE
HOJE É O SEU MORADOR.
GUARDO NO PEITO,
DAQUELE QUARTO A LEMBRANÇA
COMO GUARDO A ESPERANÇA
DE ETERNIZAR NOSSO AMOR.

NAQUELE QUARTO,
A MINHA FELICIDADE
FOI MAIOR QUE A CIDADE
MAIS FRIA DO NOSSO ESTADO.
TODO O AMOR,
QUE RONDAVA NOSSO LEITO
HOJE ESTÁ RONDANDO O PEITO
DE UM POETA APAIXONADO.