COISAS QUI VI NO SERTÃO.
DO LIVRO:
COISAS DO SERTÃO E ÔTAS COISA.
NA LINGUAGEM SERTANEJA.
COISAS DO SERTÃO E ÔTAS COISA.
NA LINGUAGEM SERTANEJA.
VI AS MUIÉ DO SERTÃO
PERDENDO A SUA PUREZA
ISPIANDO AS SAFADEZA
QUI SAI NA TELEVISÃO.
VI ABOIO DE VAQUEIRO
VI LAVOURA SE PERDENDO
VI O SOL QUENTE BEBENDO
DA AGUINHA DO BARREIRO.
VI MINTIRA DE CAÇADÔ
VI MISTÉRIO DE CAIPORA
VI SARAMPO E CATAPORA
IMAGE INRIBA DE ANDÔ.
JUMENTO CAMBALEANDO
NO PESO DA MUIÉ MAGA
VI TODO MUNDO CANTANDO
COISA DE LUIZ GONZAGA.
VI A GATA SE LAMBENDO
NO BURRAIO DO FUGÃO
VI O MININO CUMENDO
O BARRO SUJO DO CHÃO.
VI A FALA SUFOCADA
DENTO DA GUELA DO HOME
QUANDO ELE VIU A OSSADA
DA VACA MORTA DE FOME.
VI O JUMENTO CAVANDO
A LAMA TODA RACHADA
VI O SOL QUENTE RACHANDO
A CRUZ DE BEIRA DE ESTRADA.
VI MININO SEM ISCOLA
VI A PANELA SEM NADA
VI A TRISTEZA CHORADA
NAS CORDA DUMA VIOLA.
VI A FESTA DOS ARUBU
NO BAFO QUENTE DO VENTO
VI O LINDO ATRIVIMENTO
DA FLOR DO MANDACARU.
VI QUANDO O SOL CLAREOU
BEIJANDO A BOCA DA MATA
VI A LUA COR DE PRATA
INCENTIVANDO O AMOR.
PERDENDO A SUA PUREZA
ISPIANDO AS SAFADEZA
QUI SAI NA TELEVISÃO.
VI ABOIO DE VAQUEIRO
VI LAVOURA SE PERDENDO
VI O SOL QUENTE BEBENDO
DA AGUINHA DO BARREIRO.
VI MINTIRA DE CAÇADÔ
VI MISTÉRIO DE CAIPORA
VI SARAMPO E CATAPORA
IMAGE INRIBA DE ANDÔ.
JUMENTO CAMBALEANDO
NO PESO DA MUIÉ MAGA
VI TODO MUNDO CANTANDO
COISA DE LUIZ GONZAGA.
VI A GATA SE LAMBENDO
NO BURRAIO DO FUGÃO
VI O MININO CUMENDO
O BARRO SUJO DO CHÃO.
VI A FALA SUFOCADA
DENTO DA GUELA DO HOME
QUANDO ELE VIU A OSSADA
DA VACA MORTA DE FOME.
VI O JUMENTO CAVANDO
A LAMA TODA RACHADA
VI O SOL QUENTE RACHANDO
A CRUZ DE BEIRA DE ESTRADA.
VI MININO SEM ISCOLA
VI A PANELA SEM NADA
VI A TRISTEZA CHORADA
NAS CORDA DUMA VIOLA.
VI A FESTA DOS ARUBU
NO BAFO QUENTE DO VENTO
VI O LINDO ATRIVIMENTO
DA FLOR DO MANDACARU.
VI QUANDO O SOL CLAREOU
BEIJANDO A BOCA DA MATA
VI A LUA COR DE PRATA
INCENTIVANDO O AMOR.
VI O ROSTO CHEIO DE PÓ
E O OLHAR DE DISINGANO
DA MOÇA DE TRINTA ANO
QUI FICOU NO CARITÓ.
VI NO MÊI DE TANTA SEDE
RASGA-MORTÁIA CANTANDO
VI O INTERRO PASSANDO
CUM O DIFUNTO NA REDE.
VI CASÁ SE AMANSEBANDO
PUR FARTA DE TISTIMUNHO
VI BARBULETA GIRANDO
PUR DENTO DO RIDIMUNHO
EU VI UM CABRA DA PESTE
NA PUÊRA ALEVANTADA
REPRESENTANDO O NORDESTE
NAS FESTA DE VAQUEJADA
VI A BATIDA SAUDOSA
DE UM CHUCALHO TOCANDO
VI CARRO-DE-BOI CANTANDO
CUM SUA VOZ TÃO GOSTOSA.
VI ENTRE O CÉU E A TERRA
UM PESADO NEVOEIRO
RASGADO PELO CRUZEIRO
QUI TEM NO ARTO DA SERRA.
VI VACA MORRÊ DE PARTO
SEM TER FORÇA PRA DÁ CRIA
VI ARUBU LÁ NO ARTO
PINOTANDO DE ALIGRIA.
VI A BEZERRA TÃO MAGRA
QUI VAI ANDÁ E NUM PODE
VI A ONÇA PEGANDO O BODE
QUI TAVA PEGANDO A CABRA.
VI A FAMA DE LAMPIÃO
A FÉ DE FREI DAMIÃO
A FORÇA DE PADIM CISSO.
VI ABELHA NO CURTIÇO
SEM FULÔ PRA FAZÊ MEL.
VI ASSENTADO NO CAMPO
O HOME ISPIANDO O CÉU
A PROCURA DE RELAMPO.
VI O BUZO BALANÇANDO
NO CINTURÃO DO VAQUEIRO
TERRA INTUPINDO BARREIRO
E O OLHAR DE DISINGANO
DA MOÇA DE TRINTA ANO
QUI FICOU NO CARITÓ.
VI NO MÊI DE TANTA SEDE
RASGA-MORTÁIA CANTANDO
VI O INTERRO PASSANDO
CUM O DIFUNTO NA REDE.
VI CASÁ SE AMANSEBANDO
PUR FARTA DE TISTIMUNHO
VI BARBULETA GIRANDO
PUR DENTO DO RIDIMUNHO
EU VI UM CABRA DA PESTE
NA PUÊRA ALEVANTADA
REPRESENTANDO O NORDESTE
NAS FESTA DE VAQUEJADA
VI A BATIDA SAUDOSA
DE UM CHUCALHO TOCANDO
VI CARRO-DE-BOI CANTANDO
CUM SUA VOZ TÃO GOSTOSA.
VI ENTRE O CÉU E A TERRA
UM PESADO NEVOEIRO
RASGADO PELO CRUZEIRO
QUI TEM NO ARTO DA SERRA.
VI VACA MORRÊ DE PARTO
SEM TER FORÇA PRA DÁ CRIA
VI ARUBU LÁ NO ARTO
PINOTANDO DE ALIGRIA.
VI A BEZERRA TÃO MAGRA
QUI VAI ANDÁ E NUM PODE
VI A ONÇA PEGANDO O BODE
QUI TAVA PEGANDO A CABRA.
VI A FAMA DE LAMPIÃO
A FÉ DE FREI DAMIÃO
A FORÇA DE PADIM CISSO.
VI ABELHA NO CURTIÇO
SEM FULÔ PRA FAZÊ MEL.
VI ASSENTADO NO CAMPO
O HOME ISPIANDO O CÉU
A PROCURA DE RELAMPO.
VI O BUZO BALANÇANDO
NO CINTURÃO DO VAQUEIRO
TERRA INTUPINDO BARREIRO
ANIMÁ CAMBALEANDO.
VI MUIÉ GEMER DE AMOR
DESAFIANDO A MISERA
VI FAXEIRO DÁ FULÔ
VI MUIÉ GEMER DE AMOR
DESAFIANDO A MISERA
VI FAXEIRO DÁ FULÔ
NO TELHADO DA TAPERA.
VI NA BEIRA DO CAMINHO
O COURO DUM BOI-DE-CARRO
A RAIVA DO JOÃO-DE-BARRO
TAPANDO A BOCA DO NINHO.
A BIZERRINHA TÃO FRACA
SÓ TINHA O OSSO E O COURO
VI O COITADO DO TOURO
CAIR DE RIBA DA VACA.
PRA TIRÁ A MINHA PAIS
VI MINHA QUERIDA TERRA
QUI TANTA BELEZA INCERRA
SOFRENDO CADA VEZ MAIS.
PRA CORTÁ MEU CORAÇÃO
VI GENTE PASSANDO SEDE
INQUANTO A MACONHA É VERDE
CUM ÁGUA DE IRRIGAÇÃO.
VI NO MÊI DESSA MISERA
O RETRATO DUM PREFEITO
SIRRINDO BEM SASTIFEITO
NA PORTA DUMA TAPERA.
MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTÔ
AQUELE SORRISO INGRATO
EU RASGUEI O SEU RETRATO
E O MEU TITO DE INLEITÔ.
VI NA BEIRA DO CAMINHO
O COURO DUM BOI-DE-CARRO
A RAIVA DO JOÃO-DE-BARRO
TAPANDO A BOCA DO NINHO.
A BIZERRINHA TÃO FRACA
SÓ TINHA O OSSO E O COURO
VI O COITADO DO TOURO
CAIR DE RIBA DA VACA.
PRA TIRÁ A MINHA PAIS
VI MINHA QUERIDA TERRA
QUI TANTA BELEZA INCERRA
SOFRENDO CADA VEZ MAIS.
PRA CORTÁ MEU CORAÇÃO
VI GENTE PASSANDO SEDE
INQUANTO A MACONHA É VERDE
CUM ÁGUA DE IRRIGAÇÃO.
VI NO MÊI DESSA MISERA
O RETRATO DUM PREFEITO
SIRRINDO BEM SASTIFEITO
NA PORTA DUMA TAPERA.
MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTÔ
AQUELE SORRISO INGRATO
EU RASGUEI O SEU RETRATO
E O MEU TITO DE INLEITÔ.
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