NA CAFUNDA DA PENTÁGÓRIA.
Em homenagem ao afastamento
definitivamente provisório
de um cardiologista nosso amigo e grande
POETA DE BRANCO.
VI O POETA SAINDO
DA MENETÉRIA DOURADA
DEIXOU A GENTE SEM NADA
COM A CAFUNDA CAINDO.
O BISTURI TAVA LINDO
ABRINDO PORTA E PORTEIRA
O MENINO E A PARTEIRA
DESCANSARAM NO SEU BRAÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
NA PENTAGÓRIA DO DIA
O FIRUFI DAVA AÇOITE
A CAFUNDA MEIA NOITE
VOLTAVA QUANDO ELE IA.
HOJE A MINHA POESIA
NÃO FEDE TAMBÉM NÃO CHEIRA
UM POETA DE PRIMEIRA
TIROU DE MIM UM PEDAÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
SE FORES AO MEU SERTÃO
VAIS PROVAR DO MEU CAPIM
SE GOSTAR DE BANDOLIM
EU TE DOU MEU VIOLÃO.
DOU A VARA DE FERRÃO
UTI NUMA COLCHEIRA
REMÉDIO BOM PRA COCEIRA
É COMPRAR UNHA DE AÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
COPO COM ASA É CANECO
JESUS É PERNAMBUCANO
MADALENA NO PIANO
SÃO PEDRO NO RECO-RECO
BACORAU NÃO É MARRECO
BARATO É RESTO DE FEIRA
LAMPIÃO COM A PEIXEIRA
ME DEU SINAL DE FRACASSO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
EU SINTO LASCADAMENTE
ESSA TRISTE DESPEDIDA
A COISA PIOR DA VIDA
É NÃO SOFRER AGUARDENTE
MAS NÃO SE ESQUEÇA DA GENTE
VOLTE NA SEGUNDA-FEIRA
DE JALECO E DE PEIXEIRA
AGULHA PRA DÁ O LAÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
SEUS VERSOS TÊM O SABOR
DE DOIS TIROS DE CANHÃO
TÊM A FORÇA DE SANSÃO
O ENCANTO DUMA FLOR.
EU SINTO NO PEITO A DOR
CHOREI UMA CACHOEIRA
NA ALMA FALTA UMA BEIRA
NA MENTE FALTA UM PEDAÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
POETA DE QUALIDADE
A QUEM ADMIRO TANTO
HOJE ESCORRE NO RECANTO
UM RIACHO DE SAUDADE.
MAS DEIXOU GRANDE AMIZADE
BEM RIMADA E VERDADEIRA
DAQUELA QUE VIVE INTEIRA
COM UM NÓ CEGO NO LAÇO
EU QUERENDO TAMBÉM FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
VÁ ANDAR PELAS CIDADES
COM DEUS E NOSSA SENHORA
LEVANDO A LUZ DA AURORA
A QUEM TEM NECESSIDADES.
E QUANDO SENTIR SAUDADES
DESEMBESTE NA CARREIRA
SUBA DESCENDO LADEIRA
PRA NOS DÁ O SEU ABRAÇO
VENHA FAZER COMO EU FAÇO
IGUALZINHO A ZÉ LIMEIRA.
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